Os últimos km´s que me separam da cidade lembram-me, precisamente os derradeiros momentos que antecedem a chegada à “minha” Terra dos Sonhos, Vide, aquele cantinho à beira rio na majestosa Serra da Estrela. Curvas e contracurvas que se estendem num percurso que parece não ter fim. Quando já estou preparado para mais uma sequência, deparo-me com uma enorme reta, no meio de um pequeno vale verdejante. Ao fundo, vislumbro duas casas de design alpino onde se pode ler em letras garrafais: “Campos do Jordão”. As boas vindas estão dadas. Rezam as crónicas, que acabo de entrar na cidade mais europeia do Brasil. Será verdade? Terei todo um fim de semana para conferir a veracidade desta fama, aparentemente, almejada por Campos do Jordão.
Daqui para a frente, a estrada leva-me numa autêntica viagem aos países da Europa Central. A arquitetura das casas não engana, e sente-se no ar toda a influência alpina das mesmas. Como estratégia de marketing, Campos do Jordão é chamada de “Suíça Brasileira”, para atrair turistas, principalmente nos meses de inverno. O pós II Grande Guerra, trouxe à cidade uma mistura arquitetónica variada – Enxaimel, Chalés Suíços, Estilo Normando – e que se intensificou na década de 80 do século XX.
Apenas fica a faltar a neve, que muito raramente caí - mesmo nos invernos mais rigorosos - neste muito procurado destino de inverno, sobretudo pelos habitantes da grande São Paulo. Campos do Jordão, dista a pouco mais de 2 horas de carro da capital do estado de São Paulo e encontra-se a cerca de 1700 metros acima do nível do mar, sendo que a temperatura média anual por aqui, é mais baixa que a média das demais cidades brasileiras.
Os transeuntes que enchem as pequenas ruas do centro da cidade, trajam roupas de inverno e mostram estar preparados para um frio glaciar. Os gorros, as luvas, os cachecóis e os casacos quentes, são parte integrante da indumentária de quem visita Campos do Jordão. Dizem que o frio é psicológico e eu vou ter de concordar, uma vez que ao contrário dos demais, eu tinha apenas uma t-shirt vestida e mesmo assim sentia calor (…)
Temperatura à parte é impossível ficar indiferente ao ambiente e energia positiva que a cidade emana. Num raro momento de nostalgia, a minha imaginação transportou-me para a pitoresca vila de Zermatt, na Suíça, onde habita o icónico Matterhorn, a mais de 10.000 km de distância.
Na hora de aconchegar o estômago, Campos do Jordão não deixa créditos em mãos alheias. A gastronomia é muito variada. Desde a deliciosa e diversificada comida brasileira, até outras iguarias inspiradas na cozinha europeia, como são exemplos, o fondue ou a raclette. As influências europeias continuam e em Outubro a cidade recebe a versão brasileira do Oktoberfest, o famoso festival de cerveja que tem lugar na Baviera alemã, mais concretamente em Munique. Curiosamente, e já que aqui se falou de cerveja, é em Campos do Jordão que é produzida uma das cervejas artesanais mais famosas no Brasil, a Baden Baden, que por sinal é bem agradável de saborear. Beber apenas uma, sabe a pouco (…)
Passeios a cavalo, de comboio, visitas a miradouros com paisagens de cortar a respiração ou um passeio de teleférico, são também outros programas que se podem encontrar na cidade, assim o visitante tenha tempo para se deliciar com todos estes encantos que Campos do Jordão proporciona.
Por todos os motivos acima indicados, este destino de Inverno para grande maioria dos paulistas, merece mais do que uma visita apenas de fim de semana. As atrações são muitas e para se desfrutar de tudo o que a cidade e área envolvente tem para oferecer, dois dias sabem a pouco.